terça-feira, 24 de março de 2009

Paraíso - Às seis, uma viagem ao interior

Desde a semana passada, está no ar no horário global das 18h um agradável remake de Paraíso, novela de Benedito Ruy Barbosa cuja versão original fora exibida no mesmo horário entre agosto de 1982 e março de 1983. Depois de Negócio da China, de Miguel Falabella, que enfrentou problemas de aceitação e nos bastidores (com a saída do protagonista Fábio Assunção antes do meio da novela), a proposta de Edmara Barbosa, filha de Benedito e responsável pelo texto da nova versão com a colaboração de sua irmã Edilene, é uma viagem ao interior do país para contar a história do amor do filho do Diabo por uma santinha.
O tal "filho do Diabo" é José Eleutério (Eriberto Leão), filho do Coronel Eleutério (Reginaldo Faria), rapaz que fora estudar no Rio de Janeiro, mas depois de formado voltou à vida de peão, de que realmente gosta. A "Santinha" é Maria Rita (Nathália Dill), filha de Antero (Mauro Mendonça) e Mariana (Cássia Kiss), beata fanática que prometera a filha a Santa Rita quando de seu nascimento e fomenta o mito de que a moça é santa, capaz de operar milagres. O apelido de José Eleutério/Zeca é "filho do Diabo" graças a outra lenda, esta criada por seu pai, que reza que o garoto só foi concebido depois de ele ter aprisionado um diabinho numa garrafa - o "cramulhão". Ao redor dos dois jovens, dos mitos que os cercam e sua história de amor na pacata cidade de Paraíso, que dá nome à história, é que tudo se desenrola.
Comparando-se as duas versões, uma diferença notável está na narrativa, que hoje é mais "caipira" que ontem. Talvez isso seja reflexo do sucesso da reprise de Pantanal, também de Benedito, recentemente no SBT; numa tentativa de chamar a atenção do público da reprise, a nova Paraíso "interiorizou" o formato.
Na versão original da história, o casal protagonista era Kadu Moliterno e Cristina Mullins - no ar na reprise de Senhora do Destino como Aurélia, filha de Clementina (Mirian Pires) e mãe de Políbio/Shao Lin (Leonardo Miggiorin). Kadu está presente no remake na pele do italiano Bertoni, dono do bar em que os habitantes se reúnem para a fofoca de todo dia e um jogo de snooker. Além dele, Bia Seidl e Cosme dos Santos também participaram da novela de 1982. No elenco, ainda, as presenças de Soraya Ravenle, Carlos Vereza, Leopoldo Pacheco, Vanessa Giácomo, Alexandre Nero, Fernanda Paes Leme, Guilherme Berenguer, Guilherme Winter, Juliana Boller, Alexandre Rodrigues, Lidi Lisboa, Walderez de Barros, entre outros, mais o cantor Daniel, estreando em novelas na pele do peão Zé Camilo, personagem equivalente ao de Sérgio Reis na primeira versão.

quarta-feira, 4 de março de 2009

A volta da "anta nordestina"

"Anta nordestina". Os noveleiros de plantão, ao ouvirem essa expressão, imediatamente lembram do desprezo de Nazaré (Renata Sorrah) ao se referir a Maria do Carmo (Susana Vieira) em Senhora do Destino, grande sucesso escrito por Aguinaldo Silva para o horário nobre global em 2004/05 e que voltou na sessão Vale a Pena Ver de Novo nesta segunda-feira, dia 2 de março, em substituição a Mulheres Apaixonadas, de Manoel Carlos.
A trama central da novela era levemente inspirada no "caso Pedrinho", sequestrado por Vilma Martins Costa e que anos depois reencontrou a família. Em 1968, depois de abandonada em Pernambuco pelo marido com cinco filhos pequenos, Maria do Carmo Ferreira da Silva ruma para o Rio de Janeiro com a prole em pleno 13 de dezembro - dia da promulgação do Ato Institucional n.º 5, de triste lembrança. Anos depois, respeitada em Vila São Miguel, bairro que ajudara a construir, Maria do Carmo não desistiu de encontrar a filha caçula, Lindalva, roubada por uma mulher que dizia chamar-se Lourdes, mas na verdade se chama Nazaré e vive com a menina, a quem criou como filha e chamou Isabel (Carolina Dieckmann).
Nos dois primeiros dias de reprise, a novela dirigida por Wolf Maya atingiu índices em torno dos 20 pontos de audiência, o que a deixou no mesmo patamar da atual novela das seis, Negócio da China, já em fase final. Vale a pena ver de novo, em especial, as excelentes interpretações de José Wilker para o ex-contraventor Giovanni Improta, aquele que "nada deve à polícia nem ao fisco"; Glória Menezes e Raul Cortez - este em sua última novela - como os barões de Bonsucesso, Laura e Pedro; Nelson Xavier vivendo o irmão de Do Carmo, Sebastião, motorista eternamente apaixonado pela patroa Josefa (participação de Marília Gabriela nos primeiros capítulos); e, claro, Renata Sorrah, dando vida à vilã Nazaré de forma inesquecível.