domingo, 18 de janeiro de 2009

Vale a Pena Ver de Novo

Pouco depois da hora do almoço (ou mesmo nesta, para alguns), basta que se ouça o prefixo musical inconfundível para que se saiba: está no ar o Vale a Pena Ver de Novo, sessão de reprises de novelas que a Rede Globo exibe nas tardes desde 1980. Antes disso, a emissora já reprisava novelas à tarde, mas não havia "formalmente" um título para a faixa de programação, a exemplo de Sessão da Tarde, entre outros.
A primeira novela reprisada no Vale a Pena Ver de Novo, a partir do dia 5 de maio de 1980, foi Dona Xepa, escrita por Gilberto Braga com base na peça teatral de Pedro Bloch. Tendo nos papéis principais Yara Cortes, Nívea Maria, Reynaldo Gonzaga, Rubens de Falco e Cláudio Cavalcanti, foi dirigida por Herval Rossano e exibida originalmente às 18h em 1977. A reprise, inicialmente exibida no final da tarde, mas logo transferida para as 13h45, ficou no ar até 14 de novembro. No início da tarde, começando sempre entre 13h30 e 13h45, o programa ficou até os anos 90, quando passou entrar no ar depois das 14h.
Muitas pessoas reclamam que leva muito pouco tempo para que a emissora decida reestrear uma novela à tarde, sem que seja possível ao menos "esquecer" dos personagens e das histórias. Essa não é uma prática recente, é antes uma regra que uma exceção em se tratando de Vale a Pena Ver de Novo. Não há um padrão identificável - autores e atores estarem ou não com novelas no ar, o tempo em relação à primeira exibição, nada disso. Tampouco o sucesso alcançado pela novela da primeira vez é parâmetro, porque ao longo desses quase trinta anos já houve reprises de histórias consideradas não tão bem-sucedidas assim na primeira ocasião, como a excelente Força de um Desejo, de Gilberto Braga e Alcides Nogueira (1999/2000), apresentada com sucesso no Vale a Pena Ver de Novo em 2005/06.
Na primeira década da sessão no ar, praticamente só foram reprisadas novelas originalmente exibidas às 18h ou 19h. Isso se deve à situação do país na época - sob ditadura que impunha censura prévia e classificação indicativa, as novelas das 20h não eram liberadas para reprises à tarde. Só em 1984 é que isso ocorreria: Água Viva, de Gilberto Braga (1980), foi a primeira. Todavia, depois dela apenas em 1990, com Roda de Fogo, de Lauro César Muniz (1986/87), é que as novelas das 20h voltariam ao Vale a Pena Ver de Novo e seriam mais constantes na faixa. Ainda, só uma novela exibida originalmente às 22h foi reprisada na sessão: Gabriela, de Walter George Durst, baseada na obra de Jorge Amado. Produzida em 1975, foi reprisada entre 1988 e 1989.
Como dito acima, o tempo entre a exibição original de uma novela e sua eventual reprise não é fator determinante para a escolha das atrações da sessão, ou seja, não há uma média de tempo para que uma novela seja reprisada ou não. Tanto pode demorar mais de dez anos, como foi o caso de Deus nos Acuda, de Sílvio de Abreu (1992/93), que voltou em 2004, como reestrear praticamente assim que termina à noite, a exemplo de Top Model, de Walter Negrão e Antonio Calmon. No ar de setembro de 1989 a maio de 1990, em janeiro de 1991 já estava no ar à tarde.
Há outros casos de retornos precoces: Livre para Voar (1984/85), outra de Negrão, voltou à tarde em outubro de 1986. Final Feliz (1982/83), de Ivani Ribeiro, pôde ser revista a partir de setembro de 1984. Em ambos os casos, a volta à tarde deu-se um ano e meio depois da exibição do último capítulo à noite.
Algumas novelas, quando reprisadas na faixa, já tinham sido reprisadas antes, por isso não contam para uma classificação das que demoraram mais tempo para voltar. Por exemplo, Roque Santeiro, de Dias Gomes (1985/86), que entrou no ar no Vale a Pena Ver de Novo apenas em dezembro de 2000, já tinha sido reprisada às 17h em 1991. A Gata Comeu (1985) e A Viagem (1994), ambas de Ivani Ribeiro, são as duas únicas novelas até agora reprisadas duas vezes na sessão. A primeira teve reprise em 1989 e em 2001, ao passo que a segunda foi exibida à tarde em 1997 e novamente em 2006. Enquanto isso, curiosamente, grandes sucessos como Escrava Isaura, escrita por Gilberto Braga a partir do romance de Bernardo Guimarães (1976/77); Louco Amor (1983), também de Braga; Pai Herói, de Janete Clair (1979); e Que Rei Sou Eu?, de Cassiano Gabus Mendes (1989) não foram até hoje reprisados no Vale a Pena Ver de Novo.
Há ainda os casos de novelas cujas reprises foram anunciadas para o Vale a Pena Ver de Novo, em especial na imprensa escrita, mas que na última hora foram substituídas por outras e adiadas, ou mesmo não mais voltaram às cogitações. Em 1986, um repeteco de Baila Comigo, de Manoel Carlos (1981), substituiria Jogo da Vida, de Sílvio de Abreu (1981/82), mas o que acabou vindo foi Feijão Maravilha, de Bráulio Pedroso (1979). Elas por Elas, de Cassiano Gabus Mendes (1982) chegou a ter chamadas no ar em 1984, mas o que entrou foi Final Feliz; apenas depois desta novela foi que o detetive Mário Fofoca (Luís Gustavo) voltou ao ar à tarde. Outro caso semelhante foi o de Sassaricando, mais uma de Sílvio, inicialmente anunciada para janeiro de 1990, mas que voltou só em julho.
Até agora, a novela que permaneceu por mais tempo em cartaz na sessão foi Plumas e Paetês, outra de Cassiano (1980/81), que esteve no ar à tarde de janeiro a setembro de 1983. As menores reprises, respectivamente com sete e oito semanas de duração apenas, foram as de Roda de Fogo e As Três Marias (1980/81), escrita por Wilson Rocha e Walter Negrão com base no romance de Rachel de Queiroz, em 1982 - cujo retorno demorou ainda menos para ocorrer que os de Final Feliz e Livre para Voar.
Mas nem só de novelas viveu a faixa. Em 1991, de abril a junho, o Vale a Pena Ver de Novo tinha sessão dupla. Além da reprise de Top Model, foram reapresentadas nesse período quatro minisséries: Riacho Doce, de Aguinaldo Silva e Ana Maria Moretzsohn com base no romance de José Lins do Rêgo (1990); O Pagador de Promessas, de Dias Gomes com base em sua peça teatral (1988); as histórias de Ana Terra (Glória Pires) e do Capitão Rodrigo (Tarcísio Meira) em O Tempo e o Vento, de Doc Comparato a partir da obra de Érico Veríssimo (1985); e Lampião e Maria Bonita, de Aguinaldo e Doc (1982), a primeira das minisséries brasileiras. Ainda, em 2001 foram ao ar no programa quinze episódios do interativo Você Decide (1992/2000), mas logo voltaram as novelas.
Nesses quase 29 anos de Vale a Pena Ver de Novo, o autor com mais novelas reprisadas foi Walter Negrão. Desconsiderando casos em que o novelista participou da equipe, mas não esteve desde o começo dos trabalhos, como As Três Marias, foram oito títulos: Livre para Voar; Pão, Pão, Beijo, Beijo (1983) em 1990; Direito de Amar (1987) em 1993/94; Fera Radical (1988) em 1991/92; Despedida de Solteiro (1992/93) em 1996; Tropicaliente (1994) em 2000; Era uma Vez... (1998) em 2007; e Top Model, junto com Antonio Calmon. O segundo lugar traz um empate entre Benedito Ruy Barbosa e Cassiano Gabus Mendes, cada um com sete novelas reprisadas.
O atual cartaz da sessão é Mulheres Apaixonadas, de Manoel Carlos (2003), desde o dia 1.º de setembro. Já foi divulgada uma liberação pelo Ministério Público de Senhora do Destino, de Aguinaldo Silva (2004/05), para o horário da tarde, mas ainda não há confirmação oficial de que a novela vá ser a substituta de Mulheres Apaixonadas.

2 comentários:

Guilherme Staush disse...

Será que o dono do blog está torcendo para que seja Senhora do Destino? Kkkkkkk

Unknown disse...

queria muito que repetice novelas antigas nao essas novas que mau esquecemos e ja voltam novamente no ar